sábado, 15 de agosto de 2015

Histórias da F1 (10): GP da Hungria 1993

Em toda a história da F1, são 11 ocorrências de pais e filhos correndo na categoria: Andretti, Brabham, Fittipaldi, Hill, Magnussen, Nakajima, Piquet, Rosberg, Stuck, Verstappen, Villeneuve e Winkelhock. Dessas 11 famílias, em apenas três delas há vitórias de pais e filhos. Hill (Graham e Damon), Rosberg (Keke e Nico) e Villeneuve (Gilles e Jacques). Por fim, apenas a família Hill tem tanto o pai (Graham) quanto o filho (Damon) campeões.

Isso só faz ressaltar a importância de Damon Hill, o terceiro filho de piloto a chegar na F1. Assim como ocorrera com David Brabham, Hill chegou à categoria correndo pela Brabham. Outro ponto em comum com o australiano era a cobrança por resultados e a desconfiança: diziam que ambos haviam chegado à elite do automobilismo mundial apenas por conta do sobrenome famoso.

O inglês não teve uma boa temporada de estreia em 1992, por conta da péssima situação da escuderia fundada por Jack Brabham. Giovanna Amati perdeu seus patrocinadores e Hill assumiu o cockpit número 8 da quarta etapa do campeonato em diante. O time faliu e disputou sua última etapa na Hungria. Hill também era piloto de testes da Williams, carro campeão daquele ano. Na Inglaterra, uma mostra da disparidade entre as equipes: Mansell ganhou e Hill foi 16º e último em Silverstone.

Com a aposentadoria de Mansell e a saída de Patrese para a Benetton, Hill foi contratado para ser o segundo piloto de Alain Prost. A experiência como piloto de testes no ano anterior contribuiu para a escolha do time de Grove. A primeira corrida na Williams, no GP da África do Sul, acabou numa rodada. Mas os segundos lugares no Brasil e no GP da Europa, em duas corridas com chuva, deixaram Hill em segundo na tabela, à frente do parceiro Prost.

A primeira temporada de Hill numa equipe de ponta mostrava muita oscilação. Abandonos em San Marino e Espanha; pódios em Mônaco, na França e no Canadá; quebra na Inglaterra e um abandono doloroso na Alemanha: o filho de Graham Hill liderava quando um pneu estourado o tirou da prova quando faltavam apenas quatro voltas para a bandeirada. A falta de uma boa sequência de resultados se refletia na tabela: tinha apenas 28 pontos contra 50 de Ayrton Senna, que pilotava uma McLaren nitidamente inferior.

Marcado para o dia 15 de agosto de 1993, o GP da Hungria iniciava o terço final da temporada de 1993. Prost cravou a décima pole-position em 11 etapas, com o tempo de 1min14s631. Hill veio em segundo, apenas dois décimos de segundo atrás. Era a nona dobradinha da Williams em treinos naquele ano, oito delas com o francês à frente – a exceção foi o GP da França. Michael Schumacher veio em terceiro, o único a andar no mesmo segundo das Williams. Senna, com uma versão inferior do motor Ford, ficou 1s820 atrás de Prost.

A sorte de Hill parecia mudar em Budapeste. Prost ficou parado no grid na volta de apresentação e precisou ter o carro religado, largando dos boxes. Além de Hill, Senna, Gerhard Berger e Riccardo Patrese largaram muito bem e, com isso, Schumacher caiu para a quinta posição. Com o alemão afastado da ponta, aumentavam as chances de finalmente Hill conquistar a sua primeira vitória.

O inglês abria vantagem para Senna com facilidade. Senna, por sua vez, não era incomodado porque Berger se encarregava de segurar o resto do pelotão. Na quarta volta, Schumacher rodou e voltou à pista em décimo. O alemão rodaria novamente quando Michael Andretti, parceiro de Senna na McLaren, estava atravessado na pista.


Senna tinha problemas elétricos e abandonou na volta 18. Prost vinha se recuperando e quando aconteceram os pit-stops, o francês estava em terceiro, atrás apenas de Hill e Patrese. Algumas voltas depois, sua asa traseira apresentou comportamento estranho e Prost perdeu sete voltas. Schumacher teve problemas de motor e também deixou a prova. O GP da Hungria mais parecia um teste de resistência.

Nas voltas finais, Patrese também saiu da pista, mas como Berger havia entrado nos pits, isso não mudou a ordem entre os três primeiros. Com tantos abandonos, Derek Warwick, Martin Brundle e Pierluigi Martini, pilotos das modestas Footwork, Ligier e Minardi, lutavam pelo quarto lugar naquele GP. Após sua parada, Berger, por conta dos pneus novos, alcançou e passou Brundle e Warwick e ainda terminou em terceiro.

Em sua 19ª corrida na F1, Hill viu a bandeira quadriculada em primeiro lugar. Entrava para a história como o primeiro filho de um piloto a também vencer uma corrida. O inglês tomou gosto pelo champanhe e venceu as duas provas seguintes, Bélgica e Itália. Nos dois anos seguintes, seria vice-campeão, perdendo para Schumacher. Em 1996, a consagração definitiva: ele dominou a temporada, batendo o rápido Jacques Villeneuve, e conquistou o título. Isso faz da família Hill a única dinastia da F1.


Fonte: Grande Prêmio.

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