terça-feira, 1 de março de 2016

Histórias da F1 (12): GP da África do Sul 1969

1º de março de 1969. Há exatos 47 anos, como habitualmente, o começo da temporada era na África do Sul, mas, ao contrário dos anos anteriores, em que acontecia no mês de janeiro, desta vez, na temporada de 1969, o início da temporada foi adiado para o primeiro dia de março. Isso significava que novos carros pudessem ser preparados com o tempo. E nas equipes oficiais, novas caras faziam a sua aparição.

Na Lotus, a equipe do campeão mundial de 1968, Graham Hill, ele teria um novo companheiro, o austríaco Jochen Rindt, de 26 anos, vindo da Brabham. Jovem, rápido e um pouco rude, era eventualmente um excelente sucessor para o recém-quarentão Hill. Colin Chapman depositava esperanças nele para continuar a senda de sucessos da equipe, que ainda sentia a falta de Jim Clark, morto quase um ano antes. Para a prova de Kyalami, Chapman também trazia o norte-americano Mario Andretti, que o tinha impressionado nas provas do ano anterior. E ainda existiria um quarto carro, inscrito pela Rob Walker, para o suíço Jo Siffert.

Na Brabham, sem Rindt, Jack Brabham tinha que arranjar um novo companheiro de equipe, tão jovem quão rápido, para aproveitar os motores Cosworth, que tinha decidido adquirir, depois de ver que os Repco já tinham passado o seu prazo de validade. Assim sendo, vai buscar da Ferrari o jovem e muito talentoso piloto belga Jacky Ickx. A Matra tinha decidido no final de 1968 extinguir a sua Matra Sports e transferir todos os seus recursos para a Matra International, com os motores Cosworth, e dirigida por Ken Tyrrell. Para piloto principal, tinha os serviços do fiel piloto, o escocês Jackie Stewart, que tinha a seu lado o francês Jean-Pierre Beltoise.

A Formula 1 tinha visto desaparecer algumas marcas importantes. Cooper, Honda e Eagle, ou desapareceram ou pura e simplesmente concentraram-se em outros projetos, retirando-se da Fórmula 1, deixando alguns pilotos sem emprego. John Surtees era um deles. Com a Honda fora da competição, o piloto britânico decidiu ir para a BRM, juntar-se ao seu compatriota Jackie Oliver e o mexicano Pedro Rodriguez.

A Ferrari era uma equipe em dificuldades. Desdobrava-se entre a Endurance e a Fórmula 1, e isso ressentia-se nos resultados e nas finanças do “Commendatore”. Nesse ano, iria ser comprada pela FIAT, mas até lá, só tinha o neozelandês Chris Amon na equipe de Fórmula 1, e pouco mais. Na McLaren, o contraste era outro: Bruce McLaren e Dennis Hulme estavam prontos com o novo modelo M7A, tentando ver se a boa estrela de 1968 iria continuar.

Na África do Sul, apareciam os pilotos locais, vindos do muito ativo “Campeonato Sul-Africano de Fórmula 1”. Pilotos como os rodesianos John Love e Sam Tingle, estavam inscritos, bem como os sul-africanos Basil van Rooyen e Peter de Klerk. Love tinha um Lotus 49, Tingle um Brabham-Repco BT24, van Rooyen um McLaren M7A e De Klerk tinha um Brabham-Repco BT20.

A Fórmula 1 passaria por uma grande mudança em 1969. No ano anterior tinham aparecido em força os apêndices aerodinâmicos, e no final desse ano, estavam cada vez mais a aparecer asas nos carros, de alturas e tamanhos variaveis, quase numa anarquia em termos de regulamentos, desafiando os limites da segurança de pilotos e máquinas.

Nos treinos, Jack Brabham aproveitou bem os novos motores Cosworth e fez a pole position, à frente de Jochen Rindt, no seu Lotus. Na segunda fila ficavam Dennis Hulme, de McLaren, enquanto que Jackie Stewart era quarto, com seu Matra-Cosworth. Chris Amon e Mario Andretti ficavam com a terceira fila do grid, enquanto que Graham Hill era o sétimo a partir, tendo a seu lado Bruce McLaren. Basil van Rooyen era o melhor dos locais, ficando no nono lugar, com John Love a fechar o “top ten”.

No dia da corrida, Brabham partiu bem, mas Stewart partiu melhor, saltando de quarto para segundo no final da primeira volta. Na segunda volta, o escocês desfiou a liderança do australiano, e foi bem sucedido, instalando-se na primeira posição até à bandeirada final, afastando-se paulatinamente da concorrência. Brabham ficou na segunda posição, até que a asa dianteira cedeu no final da sétima volta, e teve de parar nos boxes para colocar uma nova. Rindt ficou então com o segundo posto, mas cedo foi apanhado pelo seu companheiro Hill, que o ultrapassou. O austríaco era acossado por Siffert, Hulme e Andretti, tendo no final da 30ª volta caído para a sexta posição. Nessa altura, já sofria os efeitos de uma bomba de gasolina defeituosa, que o levou a abandonar na volta 44. Já um pouco antes, na volta 31, Mario Andretti teve de abandonar a prova, com problemas de transmissão.

Com Stewart e Hill bem instalados nas duas primeiras posições, o motivo de interesse era a luta pelo terceiro lugar, entre o Lotus de Siffert e o McLaren de Hulme. Primeiro, o suíço se instalou no terceiro lugar, mas o neozelandês atacou essa posição, e conseguiu-a perto do meio da corrida. A luta continuou até perto do fim, mas Siffert nunca esteve em posição de ameaçar Hulme, e este ficou com o lugar mais baixo do pódio.

No final da corrida, Jackie Stewart conseguia a primeira vitória do ano, demonstrando que a Matra era um sério candidato ao título, contra a Lotus. Depois de Jackie Stewart, Graham Hill e Denny Hulme, os restantes lugares pontuáveis ficaram para o suiço Jo Siffert, o neozelandês Bruce McLaren e o francês Jean-Pierre Beltoise.

Fonte: Grand Prix.



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